Rodrigo Vieira   |   07/04/2022 13:00 Atualizada em 07/04/2022 13:08

Diretora de Sourcing Air da Decolar revela novo Plano Brasil da OTA

De acordo com Daniela Araújo, o País é o grande foco do Grupo Despegar (Decolar) nos próximos anos



A edição especial da Revista PANROTAS com a lista dos melhores distribuidores de viagens já está no ar. Além da premiação dos Melhores do Turismo, a edição apresenta reportagens especiais sobre tendências no Turismo, artigos sobre diversidade e novidades da WTM Latin America. A matéria a seguir é parte integrante da edição 1.514.

Confira na íntegra

Arquivo PANROTAS
Daniela Araújo, diretora de Sourcing Air da Decolar
Daniela Araújo, diretora de Sourcing Air da Decolar
O Brasil é o grande foco do Grupo Despegar (Decolar) nos próximos anos. Nascida na Argentina, a empresa começou como uma agência de viagens on-line e alçou voo para se tornar um dos maiores nomes da indústria de Turismo do continente, atacando com muito marketing e aquisições. A expansão continuou principalmente em Chile, Colômbia e Peru, mercados onde já era uma referência e se tornou ainda mais com a compra da rede de lojas físicas Viajes Falabella e depois com a aquisição da BestDay no México (que tem o braço B2B HotelDo no Brasil).

Agora, "Plano Brasil" se tornou o Trending Topic da Despegar. Tecnologia e relacionamento com os fornecedores serão chave para esta conquista de um território maior. Aliás, "ainda maior", porque a empresa é top 3 entre as maiores distribuidoras de viagens do Brasil. Em 2018, ano em que alcançou cerca de R$ 9 bilhões em vendas no País, ficou atrás apenas da CVC Corp neste quesito. Em toda América Latina, o faturamento foi de R$ 18,8 bilhões naquele mesmo ano. Neste tabuleiro, um gigante continental está interessado em colocar mais pecinhas no território brasileiro.

E uma das peças mais estratégicas foi colocada em 25 de janeiro. Após uma experiência no mercado financeiro e cinco anos de Gol, Daniela Araújo foi anunciada como diretora de Sourcing Air da Decolar.

"Eu não imaginei que fosse tanto", diz ela sobre o foco da Decolar no Brasil. "Quando eu estava negociando minha vinda, um fator decisivo para a mudança foi o plano ambicioso para o País. Estamos falando de um grupo muito forte nos países hispânicos da América Latina. Somos o primeiro, muito longe do segundo, na América Hispânica. E, nos meus diálogos antes de vir, fiquei impressionada com a quantidade de vezes que escutei 'Plano Brasil'. Isso está se confirmado nesses três meses", completa.

Confessamente submersa na empresa nesses dois meses, Daniela diz que está empolgada com a proposta de tornar a experiência do cliente mais fácil por meio da tecnologia. Ela classifica sua nova casa como uma empresa totalmente dependente do Turismo, mas que por essência é tecnológica. "Queremos estar em toda a jornada, de ponta a ponta, desde a busca propriamente dita, entendendo o que o cliente quer, oferecer comparador de preço, os melhores fornecedores possíveis para cada destino e perfil de passageiros. No fim, é transformar a vida das pessoas por meio das viagens", afirma, dando números para ratificar seus argumentos:

  • Três milhões de buscas de combinações de voo por dia
  • 40 milhões de transações por dia
  • 95% dos viajantes da América Latina passam pelo site da Decolar antes de viajar
  • 60 milhões de downloads do aplicativo na América Latina
  • 75% do volume período pré-pandemia nas emissões
O Brasil como destino também é um projeto importante para a empresa. Daniela diz que em sua experiência trabalhando na Argentina e já neste início de trajetória na Decolar se vê o quanto o Brasil tem potencial global e o quanto é importante no contexto latino-americano. "Pretendemos fazer o brasileiro conhecer seu próprio país. Nós focamos muito em Nordeste, é justo, trata-se de uma região linda, mas temos mais a fazer, com as chapadas, o ecoturismo, o Pantanal, os diversos biomas..."

Aí entra a expectativa da Decolar na diretora de Sourcing Air em buscar as melhores negociações com as transportadoras. O aéreo é fundamental nesta expansão da OTA no Brasil e, se em toda negociação saudável tem de haver uma troca, a base de dados às mãos de Daniela pode ser um poder de barganha interessante. Palavras de quem acaba de concluir cinco anos de ciclo na aviação.

"O grande aporte que eu espero trazer é a relação com o fornecedor, entender o lado dele. Tive uma história querida na Gol nesses cinco anos e isso me fez conhecer muitas pessoas não só da minha companhia como dos concorrentes. Conheci bem o mercado. Ser uma pessoa do negócio traz proximidade, passamos a falar a mesma linguagem técnica da companhia aérea", afirma Daniela Araújo.

"Eu não tenho mais load factor para me preocupar, mas meu parceiro tem e à medida em que entendo o quanto isso é impactante no negócio dele, a negociação passa a ser boa para os dois lados. Para eles, é importante oferecermos a informação que temos, informações sensíveis para as parceiras aéreas, como por exemplo demandas emergentes", completa a executiva.

Uma área que a nova diretora vê como de grande potencial na Decolar, mas com planos ainda distantes, é a de ancillaries. "Pela minha posição anterior no setor aéreo, reconheço que esse é um campo que temos a evoluir. Pela abrangência que a gente tem com o turista em geral, podemos e queremos prover muito mais a venda de produtos auxiliares do que hoje. É um mar aberto para nadarmos. Hoje o máximo que fazemos, e para um número limitado de aéreas, é a bagagem, mas temos de ir muito além disso: marcação de assento, refeição etc. Temos capacidade tecnológica para isso. Esse é um dos principais desafios da minha nova cadeira, mas ainda é um plano futuro, não há nada que tenha começado nesse sentido."

STAYS
Como agregar mais? Essa é a pergunta que a direção da Decolar se força a fazer para evoluir no Brasil. Em um desses brainstorms foi composta a ideia de comprar a Stays."Víamos que tinha muita gente comprando aéreo, mas muita oportunidade ainda, principalmente na pandemia e a transformação dos modelos de trabalho e nomadismo digital, em um novo caminho no modelo de hospedagem. Hoje, no Brasil, 10% dos proprietários de casa para locação de temporada usam o serviço de administração deste imóvel. Quando olhamos ao mercado europeu, este índice é de 90%. Tem uma avenida de oportunidades disponível", afirma.

"Nosso investimento na Stays é visto como grande oportunidade para nós como empresa, mas também, novamente, para desenvolver o Turismo. Se temos um público que está procurando isso, não adianta ficar oferecendo outra coisa. Ele quer estadas de médio e longo prazos em um local diferente da casa dele. Um quarto em um resort cinco estrelas não vai resolver isso."

Daniela se refere à última aquisição da OTA no mercado brasileiro, de uma participação de 51% na Stays.net, uma channel manager de aluguéis para temporada, por um preço total de US$ 3 milhões.

RETOMADA
Por fim, Daniela Araújo fala em um patamar de 75% do período pré-pandemia no volume de emissões, considerando todos os produtos vendidos pela empresa. Os créditos de viagens da pandemia ainda estão em um patamar alto, mas é uma quantidade que vem diminuindo bastante, segundo a diretora de Sourcing Air.

"Já tem muito dinheiro novo entrando, o que é muito bom para nós. O volume de reservas brutas subiu 50% no quarto trimestre de 2021 em relação ao trimestre anterior. Em volume de transação, estamos em 82% de 2019", conclui.

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