Henrique Santiago   |   04/05/2018 11:11

Como a Azul pretende ser "a melhor empresa do mundo"

O vice-presidente de Receitas da Azul, Abhi Shah, discutiu temas como regionalização, novas aeronaves e ampliação da malha

Ele estava lá quando a Azul lançou o seu primeiro voo em 15 de dezembro de 2008. Aliás, não apenas se fez presente, como criou os primeiros códigos de voo em seu notebook. O vice-presidente de Receitas, Abhi Shah, recorda com clareza o número do voo inaugural da companhia aérea: o 4060 partiu do aeroporto de Viracopos (SP) a Salvador e, cerca de 30 minutos depois, o 4063 decolou também do mesmo terminal em Campinas com destino a Porto Alegre.

No ano de seu décimo aniversário, a Azul está mais do que consolidada no interior de São Paulo. Nessa uma década, a empresa criada por David Neeleman, o mesmo empresário por trás da Jet Blue, comprou a Trip e se fortaleceu na sequência com um segundo hub no Sudeste, em Confins (MG), e no Nordeste, com voos semanais de Recife para todas as capitais da região.

O indiano Abhi Shah é raramente visto nos glamurosos eventos da indústria de viagens, mas é uma das cabeças pensantes de sua empresa. Ele veio da Jet Blue para a Azul e viu os últimos dois anos como os mais complicados para a aviação brasileira, em decorrência dos problemas político-econômicos que, segundo ele, começam a dissipar agora.

“O dólar subiu, os custos aumentaram e a receita foi fraca em razão da economia frágil. Nós reagimos com a redução de capacidade, mas temos visto sinais de recuperação desde o fim de 2017. A volta da economia não deixa apenas a nossa indústria mais otimista, como as demais também. Mas ainda está distante”, analisou o executivo em entrevista à PANROTAS.

Emerson Souza
Abhi Shah, vice-presidente de Receitas da Azul
Abhi Shah, vice-presidente de Receitas da Azul
Mesmo em um período adverso, a companhia aérea investe naquilo que considera essencial para crescer e se destacar: pessoas. À reportagem, o vice-presidente não esconde que a ambição da Azul é ser a “melhor empresa do mundo”. Isso mesmo, a melhor empresa do mundo.

Esse desejo é possível de ser alcançado em curto espaço de tempo. Embora lide diariamente com finanças, a “receita” a qual se refere une o útil ao agradável: a melhor experiência de viagens da vida seus clientes e o melhor emprego de seus tripulantes. “Se as nossas pessoas estão felizes, os clientes vão ser felizes. Essa é uma cultura nossa muito forte que cultivamos e vamos estender”.

O conceito de felicidade da companhia aérea será entregue a 24 milhões de passageiros até dezembro, segundo apresentou Abih Shah. E muitos desses viajantes entrarão em um avião pela primeira vez. A estratégia da transportadora aérea difere de suas concorrentes, segundo ele, por apostar no modelo de aviação regional e chegar a cidades distantes dos grandes centros.

REGIONALIZAÇÃO NÃO É SEGREDO
O centro de conexões em Viracopos, com seus 180 voos diários, tem um papel fundamental para o crescimento contínuo da Azul. Ele reconhece que Congonhas (SP) e Galeão (RJ) são aeroportos de segunda importância e Campinas irá conectar a uma boa parte dos 25 novos destinos a serem servidos nos próximos anos.

As cidades de Caruaru (PE), Franca (SP) e Mossoró (RN) são apenas algumas das mencionadas. “Eu não creio que incomodamos a concorrência [Gol e Latam] pela nossa estratégia bem diferente da adotada por eles. Não olhamos tanto para São Paulo e Rio de Janeiro.

Os lugares antes consideradas inimagináveis para receber um voo são abastecidos por um equipamento moderno. Até dezembro deste ano, a Azul receberá mais seis Airbus 320 para usar em rotas domésticas e mais dois A330.

“Queremos estar presentes em todo o Brasil e aumentar o número de passageiros. Quando começamos, há dez anos, eram 47 milhões de viajantes e hoje dobrou, são 95 milhões. Mas o brasileiro ainda não viaja o suficiente”, afirmou.

Ao ser perguntado sobre novas conexões, Shah sorri e não descarta anunciar novos voos internacionais, mas não adiantou nenhum detalhe. A partir de segunda (7) começarão a ser vendidos os bilhetes para Paris, emparceria de codeshare com a Aigle Azur, aérea que Neeleman comprou uma fatia 32% no ano passado. Em junho, o voo para Lisboa passará a ter duas saídas diárias.

Para aumentar o já significativo número de 100 destinos atendidos, ele clama pela priorização de seu segmento nesses mercados menores. “Precisamos que as prefeituras e os governos se preparem melhor, que os aeroportos invistam em infraestrutura para receber nossas aeronaves. Que a população fale com seus representantes. Quanto mais rápido [as reformas forem feitas], mais rápido a Azul vai chegar”, finalizou.

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