Leonardo Ramos   |   25/05/2018 12:02

Greve: Iata critica política de combustíveis no Brasil

Peter Cerda, VP da Iata para as Américas, critica fato de Brasil pagar mais caro que quase qualquer lugar do mundo em combustível, mesmo 90% sendo nacional

Brunna Castro
Peter Cerda, VP da Iata para as Américas
Peter Cerda, VP da Iata para as Américas
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) divulgou seu posicionamento a respeito da greve dos caminhoneiros no Brasil em carta aberta de seu vice-presidente regional para as Américas, Peter Cerda.

Além de destacar a importância do fornecimento de combustível feito pelos caminhoneiros, Cerda fez uma crítica aos altos impostos cobrados pelo governo brasileiro sobre o combustível, destacando o fato das aéreas brasileiras pagarem "mais do que quase qualquer outro lugar do mundo" no abastecimento de suas aeronaves, mesmo com o País importando menos de 10% do combustível utilizado na aviação. Exemplifica com o ICMS sobre o combustível doméstico, o que considera um dos maiores do globo - 19% em média no País, e 25% em São Paulo.

Vale lembrar que 12 aeroportos estão sob risco de ficarem sem combustível a qualquer momento.

Confira abaixo a carta aberta do executivo da Iata:

Carta aberta sobre posicionamento da Iata
A greve dos caminhoneiros no Brasil destaca a importância vital de um fornecimento confiável de combustível de aviação para o bem-estar do país. A aviação tem uma participação importante na economia brasileira, garantindo 1,1 milhão de empregos e 1,4% do PIB do país. Mas sem combustível, esses benefícios não podem ser realizados.

Essa crise também levanta questões mais amplas sobre as políticas de combustível do Brasil e se elas estão gerando o melhor resultado para a população e as empresas do país. Devido às políticas do governo, as companhias aéreas pagam pelo combustível de aviação no Brasil mais do que quase qualquer outro lugar do mundo.

Por exemplo, embora o Brasil importe menos de 10% de seu combustível de aviação, o preço do combustível se equipara ao preço de importação do Golfo do México. A política de preços de paridade de importação do Brasil aumenta cerca de 660 milhões de dólares por ano na conta das companhias aéreas. Além disso, o Brasil tem um dos ICMS mais altos sobre o combustível doméstico (19% em média). No Estado de São Paulo, o maior mercado de transporte aéreo do Brasil, o ICMS é de 25%.

A remoção da carga pesada imposta pelos custos do combustível na aviação e nas viagens aéreas estimulará a economia brasileira e tornará as empresas brasileiras mais competitivas nos mercados mundiais.

Peter Cerda, vice-presidente regional da IATA para as Américas.


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