Marcel Buono   |   21/08/2018 09:30

Política e parceiros travam renovação de frota da Aeroméxico

Reforma do Benito Juárez e relações com Boeing, Embraer e Airbus colocam em dúvida futuras aquisições

Aeromexico/ Marian Lockhart
Primeiro dos 56 Boeing 737 Max encomendados pela Aeroméxico foi entregue em março
Primeiro dos 56 Boeing 737 Max encomendados pela Aeroméxico foi entregue em março
Em menos de 30 dias, duas aeronaves da Aeromexico estiveram envolvidas em incidentes que, felizmente, não resultaram em fatalidades, porém, ligaram o alerta em relação às condições de sua frota.

A empresa já está em processo de renovação dos seus aviões, mas questões políticas e comerciais ainda deixam no ar quais serão os modelos escolhidos pela aérea para substituir seus jatos mais antigos, que chegam a ter, em média, mais de 13 anos de idade, como analisou a Centre for Aviation (Capa).

No dia 31 de julho, um Embraer ERJ-190AR da companhia sofreu um acidente ao tentar decolar do aeroporto internacional de Durango. Já no dia 10 de agosto, outro avião do mesmo modelo teve que abortar sua decolagem do aeroporto internacional da Cidade do México, pois uma das comissárias de bordo percebeu que havia fogo em uma das turbinas. E são justamente os aviões fabricados pela empresa brasileira que estão no meio da discussão.

Dos 133 aviões da Aeromexico em operação, 60 foram fabricados pela Embraer e os mexicanos ainda não decidiram qual caminho seguir no processo de renovação desses jatos fundamentais para suas operações regionais. De um lado aparecem as opções vindas da joint venture formada entre Boeing e Embraer, enquanto do outro estão os modelos da Airbus e Bombardier.

Segundo a consultora especializada em aviação, a companhia fez uma pausa em seus estudos sobre novas aquisições desde a eleição presidencial de Andrés Manuel López Obrador, em julho deste ano. O novo presidente, que será empossado apenas em dezembro, colocou em dúvida a continuidade das reformas no Aeroporto Benito Juárez, na capital nacional, o que refletiu na empresa, que já não tem certeza sobre quais aeronaves serão mais compatíveis com a infraestrutura aeroportuária do país.

Além da indefinição vinda da área política, a Aeromexico também vê questões comerciais nesse processo de reformulação. Ao longo da história, a companhia se mostrou fiel aos aviões da Boeing, tendo 73 deles em operação, além de outros 58 encomendados. Deste modo, a nova joint venture entre a empresa norte-americana e a Embraer facilitaria aquisições de novos modelos tupiniquins.

Por outro lado, a Bombardier vendeu a maior parte da sua Série C para a Airbus, que a renomeou de A220-100. Unidades da família de aeronaves já foram encomendadas pela Delta Air Lines, que, por sua vez, adquiriu 32% da aérea mexicana no último ano, somando 36,2% das ações, além da possibilidade de compra de mais 12,8%, o que totalizaria 49%.

Apesar do nível de influência da companhia norte-americana sobre a mexicana ser questionável, sua maior aproximação com a Airbus e com a Pratt & Whitney, fabricante dos motores do A220 e do A320neo, deu força à possibilidade de que a renovação dos jatos mais antigos da Embraer seja feita por modelos da empresa francesa.


*Fonte: Capa

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