Marcel Buono   |   04/03/2020 13:06 Atualizada em 04/03/2020 13:23

Iata culpa coronavírus por pior mês da aviação desde 2010

De acordo com o CEO da associação, primeiro mês do ano foi só a ponta do iceberg dos impactos no setor

Emerson Souza
Iata divulgou dados do tráfego aéreo no primeiro mês do ano
Iata divulgou dados do tráfego aéreo no primeiro mês do ano
A Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata) revelou que janeiro de 2020 registrou o pior crescimento de demanda na aviação global em quase dez anos. Na comparação entre o primeiro mês deste ano e o de 2019, o aumento na taxa RPK foi de apenas 2,4%, o que, segundo a entidade, já pode ser considerado um reflexo do novo coronavírus (Covid-19).

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“Janeiro foi só a ponta do iceberg em termos de impacto ao tráfego aéreo ocasionado pelo surto de Covid-19, até mesmo porque as grandes restrições de viagens em relação à China só tiveram início no dia 23. De qualquer maneira, foi o suficiente para causar o crescimento mensal mais lento em quase uma década”, comentou o diretor geral e CEO da Iata, Alexandre de Juniac.

Em abril de 2010, o fraco desempenho da aviação internacional foi ocasionado pela erupção do vulcão Eyjafjallajoekull, na Islândia, que lançou uma nuvem de cinzas sobre a Europa, paralisando o tráfego aéreo.

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“O surto do coronavírus é uma crise global que está testando a resiliência não só da indústria da aviação como da economia global. As companhias aéreas estão enfrentando quedas de dois dígitos em termos de demanda e diversas rotas foram canceladas. Aeronaves estão paradas e funcionários estão sendo convidados a se retirar. Em uma situação emergencial como esta, os governos precisam garantir a manutenção das conexões aéreas”, indicou Juniac.

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Alexandre de Juniac, diretor geral e CEO da Iata
Alexandre de Juniac, diretor geral e CEO da Iata
“A suspensão das regras de slots em aeroportos e a redução de taxas aeroportuárias onde a demanda sofreu queda são medidas importantes que acreditamos serem benéficas às companhias aéreas neste momento de crise e, posteriormente, no de recuperação”, completou o CEO da Iata.

ESTAGNAÇÃO ASIÁTICA (E LATINO-AMERICANA)
De acordo com os dados revelados, as regiões da Ásia-Pacífico e da América Latina tiveram desempenhos semelhantes quanto à demanda em janeiro de 2020, registrando crescimento ínfimo de 0,4% sobre o mesmo mês do ano passado. Por outro lado, a taxa de ocupação latino-americana subiu 0,3%, ficando em 82,6%, enquanto a asiática caiu 1,5%.

No mesmo período, Oriente Médio (5,9%), América do Norte (5,7%) e África (5,2%) registraram os maiores incrementos na taxa RPK. A oferta de assentos (ASK) e a taxa de ocupação também tiveram crescimentos, enquanto que, globalmente, o share da aviação foi liderado pela Ásia-Pacífico, com 34,7% do total. Com 26,8%, a Europa ficou na segunda colocação.

As empresas aéreas devem perder mais de US$ 20 bilhões este ano por conta do vírus, e várias já negociam contratos de aeronaves e férias coletivas pontuais.

Para ler o relatório completo da Iata (em inglês), clique aqui.

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