Da Redação   |   01/11/2019 11:43   |   Atualizada em 01/11/2019 11:58

Recanto dos yanomami, Pico da Neblina deve ser reaberto

Para o dia 15 de novembro está prevista uma reunião entre representantes das comunidades indígenas que vivem na região e de órgãos governamentais e ONGs

DA AGÊNCIA BRASIL

A reabertura de visitas ao Parque Nacional do Pico da Neblina, no município de Santa Isabel do Rio Negro (AM), deve ocorrer em breve. Para o dia 15 de novembro está prevista uma reunião entre representantes das comunidades indígenas que vivem na região e de órgãos governamentais e não governamentais, para discutir a data de reabertura.

No fim de setembro, o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, assinou a carta que aprova o Plano de Visitação Yaripo, como é chamado pelos indígenas o ponto mais elevado do Brasil, com 2.995 metros. As visitações foram proibidas em 2003, após recomendação do Ministério Público Federal (MPF) e determinação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e foram cogitadas novamente há cinco anos.

Divulgação
Reunião decidirá a data da reabertura do parque
Reunião decidirá a data da reabertura do parque
Paras o MPF, as atividades na área de proteção ambiental provocavam impactos ambientais e violavam os direitos dos indígenas. Agências de turismo que atuavam na região foram criticadas por não instruir os turistas sobre os valores espirituais, culturais e ambientais associados ao local. Desta vez, os próprios yanomamis deverão conduzir os grupos de turistas.

De acordo com o documento, para dar continuidade agora à recepção de turistas foram consultados 55 representantes de seis comunidades da região de Maturacá (AM), sendo a maioria deles jovens interessados em desenvolver atividades de ecoturismo. Um dos órgãos governamentais envolvidos no processo, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ressalta que a reabertura representa uma alternativa ao garimpo de ouro, já que muitos indígenas passaram a trabalhar na área de mineração para garantir o sustento.

A presidente da Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes (Ayrca), Floriza da Cruz Pinto, diz que conhece esses jovens ligados à extração mineral e que eles, de fato, manifestam vontade de deixar a função, por saber que geram impactos negativos em suas comunidades e à própria saúde.

"Eles estão querendo trabalhar no projeto, fizeram uma escolha. Hoje em dia, entendem que o garimpo degrada a natureza, os igarapés que, na tradição, são também sagrados. Durante quatro anos, eles participaram [do processo de decisão] e acho que agora, com a abertura do turismo do parque, é uma escolha que fizemos para parar com o garimpo, porque a gente entende que garimpo e natureza não se unem". disse.

A expectativa é de que mais de 2,9 mil indígenas de seis comunidades da região sejam beneficiados, conforme cálculos da Ayrca. A entidade foi quem apresentou a proposta do projeto ao governo federal, juntamente com a Associação de Mulheres Indígenas Kumirayoma (Amyk).

PASSEIOS
Os passeios de ecoturismo yanomami terão como público turistas de aventura, sobretudo os aficionados por montanhismo. A intenção é aliar essa modalidade de turismo ao etnoturismo, com o propósito de valorizar também a cultura indígena local.

A partir dos termos do plano de visitação, fica estabelecido que as expedições deverão ter, no máximo, dez visitantes, um guia e uma equipe de carregadores, cuja quantidade de membros dependerá do total de visitantes. Os carregadores ficarão responsáveis por transportar itens de alimentação e acampamento dos excursionistas.

Até atingir o topo da montanha, é percorrido um trajeto de oito dias, que exige bom preparo físico dos caminhantes. Além do trecho trilhado a pé, os expedicionários devem atravessar outra parte a bordo de um barco, por dois dias.

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