Rodrigo Vieira   |   09/03/2023 13:43
Atualizada em 09/03/2023 19:01

Lideranças do Turismo protestam contra possível volta do visto

Abav Nacional, FBHA, CNC, Abeoc e outras entidades se opõem à possível medida



Lideranças do Turismo brasileiro protestam e garantem que vão se mobilizar para vetar a possível retomada da exigência de vistos para visitantes de Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão. O governo Lula sinalizou ontem (8) que deve voltar a exigir a reciprocidade na autorização de entrada desses países, alegando que não houve aumento efetivo de turistas desses países desde 2019, quando a medida foi aplicada.

A presidente da Abav Nacional, Magda Nassar, avalia que a volta da exigência de vistos é sempre um retrocesso, pois é mais uma etapa burocrática que qualquer viajante prefere não passar.

“Precisamos exigir dos nossos governantes ações efetivas que minimizem todos os gargalos que o Brasil enfrenta no Turismo internacional, tanto no que tange a falta de informações sobre nossos destinos como um todo, quanto na melhoria da infraestrutura turística e da segurança e maiores investimentos na preparação dos nossos recursos humanos para receber um passageiro internacional. É preciso que nada disso seja impeditivo para nos visitarem”, apontou Magda Nassar.

Ruim para o lazer, ruim para o setor de viagens corporativas e eventos. O presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) e coordenador do Conselho de Turismo da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Alexandre Sampaio, faz coro. Para ele, essa revogação prejudicará a relação com esses países, uma vez que, diante da burocracia, não será mais atrativo para estrangeiros visitarem o País, desestimulando o Turismo internacional em solo brasileiro.

“Um exemplo: a Itália não exige visto de brasileiros. Assim, com base num tratado entre Itália e Brasil, o Brasil também não exige visto de italianos. É uma relação de troca e de respeito, mas que não precisa, necessariamente, ser observada com os EUA, Japão, Austrália e Canadá, pois a exigência de visto para turistas desses países, somente trará prejuízo para o Brasil. A volta desta exigência vai impactar no lazer e, em parte, na economia”, comenta Sampaio.

“Tal medida vai prejudicar imensamente a vinda de eventos do segmento Meeting, Incentives, Conferences and Exhibitions (MICE), que trazem grandes públicos, além da realização de shows culturais com artistas estrangeiros. É uma visão errática e pedimos que o governo repensasse o processo, em prol do desenvolvimento no Turismo nacional", afirma ele, endossado pela presidente da Abeoc Brasil, Fátima Facuri.

"A isenção de vistos é um pleito antigo que vem de encontro ao desenvolvimento do Turismo e ao fortalecimento do destino Brasil. A volta dessa exigência vai impactar de forma abrupta toda a indústria de eventos, feiras e congressos internacionais, dificultando ainda mais a escolha do Brasil como destino."

A volta da exigência de visto também é mal vista na principal vitrine para o turista internacional no Brasil, o Rio de Janeiro. O presidente da Associação Rio Vamos Vencer, Marcelo Conde, que reúne empresários do Turismo em todo o País, ressalta que a volta da exigência de vistos dificultará em muito a atração de visitantes internacionais.

“Há anos estamos estagnados no número de turistas internacionais que visitam nosso País, aproximadamente seis milhões, e ainda sofremos com a falta de políticas públicas eficientes, com a inexistência de uma companhia aérea forte, de bandeira nacional, e com a escassez de verba para promoção do destino, sem mencionar os efeitos da pandemia. Dificultar o acesso de estrangeiros é uma atitude retrógrada e maléfica para o Brasil”, enfatizou Conde, acrescentando que considera equivocada a alegação do Itamaraty sobre a inexistência do aumento no fluxo de turistas neste período.

“Em janeiro de 2023, tivemos um recorde de 868 mil visitantes estrangeiros em nosso País, superando o mesmo período de 2019, o que foi comemorado pelo próprio presidente Lula nas redes sociais. Sem dúvida a isenção de vistos, sobretudo para EUA e Canadá, influíram nesse resultado. Falta uma política nacional para o turismo e que reconheça a importância e o enorme potencial do setor para o crescimento da economia”, acredita o dirigente.

O CEO do Parque Bondinho Pão de Açúcar, Sandro Fernandes, ressalta que o governo deveria discutir e colocar energia na escolha de novos países para oferecer a isenção de vistos, e não o contrário.

“Qualquer país que tem o Turismo como fonte de desenvolvimento e de geração de renda, tem que facilitar a entrada de visitantes. A volta da exigência de visto é inadmissível, ainda mais neste momento que o País se abre para o mundo com o lançamento da nova Marca Brasil, convidando todos a virem nos visitar”, destacou Sandro Fernandes.

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