Rodrigo Vieira   |   08/05/2024 19:51

Radix ensina Turismo a ter menos disputas e mais qualificação profissional

Editorial da Revista PANROTAS desta semana fala sobre o projeto de Turismo de luxo que uniu concorrentes


PANROTAS / Victor Fernandes
Latitudes, Matueté, Primetour e Teresa Perez desistiram de combater sozinhas um dos maiores gargalos da indústria de Turismo do Brasil: a falta de mão de obra especializada
Latitudes, Matueté, Primetour e Teresa Perez desistiram de combater sozinhas um dos maiores gargalos da indústria de Turismo do Brasil: a falta de mão de obra especializada

Relações de amizade e respeito de longa data foram estremecidas no Turismo pós-pandemia. O motivo? A disputa por talentos neste mercado, crise essa que foi acentuada após a evasão de profissionais durante o período da covid. No setor de viagens corporativas, TMCs se revoltam com a maneira que seus funcionários são abordados pelos concorrentes, o que pode ter causado até racha na Abracorp. Na consolidação aérea a briga também é forte, sobretudo quando diz respeito à abertura de escritórios regionais, fora das cidades onde a empresa é estabelecida. Entre as operadoras, o vaivém de currículos e a consequente troca de rusgas também existe.

Mas o luxo tem o Radix. O recém-criado e tão aclamado Radix. Latitudes, Matueté, Primetour e Teresa Perez desistiram de combater sozinhas um dos maiores gargalos da indústria de Turismo do Brasil: a falta de mão de obra especializada. Concorrentes, as agências, quatro das referências em Turismo de luxo no País, juntaram esforços por um bem em comum. Fazem isso não só por elas, como para todo o mercado. Mesmo se um profissional exposto ao curso não for contratado pelos quatro patrocinadores, ele será ao menos capaz de atuar de forma a melhorar os serviços em geral.

Em um ano, quase 200 profissionais foram formados nos módulos básico e intermediário, e o Radix está começando agora uma sessão para gerentes, CEOs, diretores e empresários de agências (sejam de luxo ou não). As quatro grifes do agenciamento elencaram profissionais para se dedicar ao Radix, como a diretora Beth Wada, que tem longa trajetória na indústria e experiência docente. Cabe dizer que essas ações se fazem necessárias porque a formação em Turismo neste País está muito distante da necessidade das empresas, e que junto com isso os profissionais estão chegando com pouco repertório e precisam ser expostos a mais informação.

O nível de exigência dos clientes pode ser maior do que o nível dos próprios agentes muitas vezes. Por isso é um momento em que produtos e prestadores de serviço precisam ser muito mais atentos em como qualificar seus intermediários. Quem conseguir ser um bom coletor de informações e um bom identificador de fontes, será um bom agente. Muitas das boas ideias e ações praticadas pela indústria do Turismo no Brasil começam no segmento de alto padrão para depois se tornar realidade nas camadas mais populares. Assim, se tem uma iniciativa da qual se urge copiar é o Radix.

Relatos de agências envolvidas dão conta de que os alunos formados na primeira turma obtiveram o equivalente a dois anos de aprendizados do dia a dia. Se as entidades de classe e as instituições de ensino não são capazes de criar cursos que caiam no gosto dos profissionais, por que as grandes empresas não deixam a vaidade de lado por uns instantes e não se unem para formar um arcabouço de excelência de mão de obra de Turismo no Brasil? Qualificação profissional é um legado para o setor. Historicamente são os líderes de mercado que conseguem dar passos tidos como audaciosos ou inovadores.

Claro que nada substitui a “barriga no balcão”, mas o Turismo realmente merece mais bem preparados e menos disputas tão sérias por poucos e bons talentos.

O texto acima é parte integrante da edição especial ILTM Latin America da Revista PANROTAS. Confira abaixo o conteúdo na íntegra:



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