Filip Calixto   |   01/12/2020 14:32

Cai intenção de viajar ainda este ano na América Latina

O índice de consumidores dispostos a viajar ainda em 2020 caiu de 46% 23% entre junho e novembro

O número de turistas latino-americanos dispostos a viajar ainda este ano caiu nos últimos meses. De acordo com a segunda edição de uma pesquisa realizada pela agência Interamerican Network, em parceria com a FecomercioSP, o índice de consumidores dispostos a viajar ainda em 2020 caiu de 46% em junho para 23% entre 26 de outubro e 9 de novembro. A pesquisa diz ainda que para 26% dos entrevistados a atividade turística só voltará a ser uma realidade com o surgimento da vacina contra a covid-19.

Divulgação
O índice de consumidores dispostos a viajar ainda em 2020 caiu de 46% em junho para 23% entre 26 de outubro e 9 de novembro
O índice de consumidores dispostos a viajar ainda em 2020 caiu de 46% em junho para 23% entre 26 de outubro e 9 de novembro
Realizado em seis países ouvindo 833 pessoas, o estudo, contudo, revela diferença considerável, de comportamento e perspectivas, entre o Brasil e os demais mercados pesquisados (Argentina, Chile, Colômbia, Peru e México). Na análise individual, os brasileiros aparecem como o único país em que a maior parcela dos respondentes (34%) afirmou que sentiria segurança em viajar neste ano. Nos outros ambientes de pesquisa a maior parte dos respondentes disse que só se sentiria confortável para viajar novamente a partir do ano que vem.

Além da disponibilidade em viajar, o relatório pontuou ainda quais as maiores preocupações desses turistas com o momento. Nesse quesito, as questões relacionadas às políticas de segurança sanitária, saúde e higienização foram apontadas por 27% como o ponto mais preocupante. Outros 22% disseram que estar em lugares sem aglomeração é o ponto crucial para o momento e 20% alegaram ter maior preocupação com regras de compras mais flexíveis.

A atenção aos cuidados com saúde voltou quando a pesquisa perguntou quais os cuidados extras que os viajantes passarão a ter. Nesse assunto, 35% dos brasileiros disse que só ficarão em meios de hospedagem com protocolos efetivos de segurança e higiene. A mesma resposta foi dada por 33% dos mexicanos. Enquanto isso, 30% dos colombianos e peruanos afirmaram que o importante são protocolos efetivos no transporte. Já 30% dos chilenos e argentinos disseram que o seguro saúde é mais fundamental para o momento.

A atenção mais premente que brasileiros e mexicanos têm com os locais de hospedagem mostra ainda, segundo a CEO da Interamerican Network, Danielle Roman, crescimento na diversificação na escolha dos meios de hospedagem. “O aluguel de imóveis é uma tendência”, alerta.

Emerson Souza
Danielle Roman, CEO da Interamerican Network
Danielle Roman, CEO da Interamerican Network
De acordo com Danielle, na busca por mais segurança, alguns turistas podem abrir mão dos hotéis e eles mesmos construírem rotinas de biossegurança para sua viagem. “É engraçado como essas situações criam novos paradigmas”, observa a CEO.

ORGANIZAÇÃO DA VIAGEM
O que é considerado característica do turista brasileiro também é uma das mudanças apontadas pelo estudo. Segundo a pesquisa, 29% dos brasileiros disseram que pretendem adquirir o hábito de planejar suas viagens com seis meses ou mais de antecedência. A mesma opção foi assinalada por 28% dos mexicanos e 25% dos colombianos e peruanos.

Na pergunta sobre organização de viagens, uma outra tendência pode ser detectada: 71% dos brasileiros e 58% do total de respondentes disseram que farão o planejamento das suas viagens sozinhos, lidando diretamente com hotéis, companhias aéreas e demais fornecedores.

Ainda entre os brasileiros, 20% afirmaram que vão consultar agências de viagens e operadoras, 6% vão recorrer às OTAs e 3% aos consultores de viagens independentes.

A presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP, Mariana Aldrigui, interpreta essas respostas lembrando que o viajante nem sempre tem uma interlocução próxima com agentes e operadores. “Possivelmente, o viajante está acostumado a pedir ao agente quando tem alguma insegurança e nesse caso, com viagens baratas e curtas em evidência ele sente que não precisa desse acompanhamento”, pondera. “Cabe explicar então que o agente pode fazer uma sugestão mais adequada ao perfil do cliente, com produtos que não estão no radar desse viajante e com ideias que ele não está pensando. Esses ganchos precisam ser agarrados por agências e operadoras, deixando claro que a expertise está à disposição para fazer escolhas mais plenas e satisfatórias”, completa.

Emerson Souza
Mariana Aldrigui, presidente do Conselho de turismo da FecomercioSP
Mariana Aldrigui, presidente do Conselho de turismo da FecomercioSP
O QUE MAIS INSPIRA?
A fonte de inspiração para escolher um destino também revela a singularidade do viajante brasileiro. Para 27% dos consumidores nacionais, a internet é a maior influência na hora de decidir para onde será a viagem. Em todos os outros países pesquisados a recomendação de amigos é o mais importante.

As outras fontes de inspiração citadas foram: Instagram, dicas de influenciadores e blogueiros, dicas da imprensa e de jornais especializados, dicas de agentes de viagens, publicidade em geral, Youtube e Fabebook.

“E aí vale uma dica para as agências: serem mais inspiradoras nas dicas para conseguir conquistar o consumidor”, recomenda Danielle.

ONDE COMPRAR?
Os consumidores também foram perguntados sobre quando recorrer às agências e, em linhas gerais, a resposta foi para adquirir pacotes completos (com hotel, voo, atrações, passeios e mais). Apenas 2% dos entrevistados em todos os países rechaçaram a possibilidade de procurar agências.

A mesma pergunta feita em relação às OTAs teve respostas mais variadas. No Brasil, 44% dos pesquisados disse que procuram agências on-line apenas em busca de acomodação. No México é mais comum buscar os pacotes completos e nos demais países as compras virtuais buscam passagens aéreas.

ONDE QUEREM IR E COM QUEM?
No quesito destinos desejados a pesquisa confirma que este é o ano das viagens domésticas. Na maior parte dos países pesquisados essa foi a resposta seguida põe destinos europeus.

Na pergunta “Que tipo de viagem você gostaria de fazer?” os destinos de praia aparecem como preferência para 40% dos pesquisados no continente. Opções de Turismo cultural e ecoturismo aparecem logo a seguir.

Sobre a companhia favorita também houve unanimidade. A família aparece como escolha ideal para 43% dos pesquisados. Outros 20% citaram um par romântico.

O QUE MUDA?
Apenas os brasileiros acham que as mudanças em viagens serão poucas depois da retomada. Para 54% dos viajantes nacionais, as modificações nas rotinas de viagens não serão significativas. Enquanto isso, 53% doa respondentes dos outros países acreditam em revolução nas viagens.

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