Da Redação   |   15/06/2022 17:38
Atualizada em 15/06/2022 17:39

Cúpula do WTTC: é hora de regenerar o Turismo

Debatendo sustentabilidade e investimento, o WTTC sugere ir além da preservação e regenerar o Turismo

Carla Lencastre, especial para o Portal PANROTAS

SAN JUAN (Porto Rico) - Preservar não basta. E nem sempre dá certo. A nova palavra-chave do setor de viagens e turismo é regenerar. Viagem regenerativa existe há algum tempo, mas ganhou força durante a pandemia, depois que o jornal The New York Times fez uma extensa reportagem sobre regenerative travel. Outras publicações estrangeiras e nacionais, inclusive a PANROTAS, já abordaram o tema diversas vezes. Simplificadamente, o turismo regenerativo deixa o lugar melhor do que ele era antes, dos pontos de vista ambiental e social. A regeneração, em vários sentidos, pautou a maioria dos painéis e conferências de imprensa na segunda parte da Cúpula de Sustentabilidade e Investimento do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC na sigla em inglês), realizada em 14 de junho na capital porto-riquenha.

Divulgação
A regeneração, em vários sentidos, pautou a maioria dos painéis e conferências de imprensa na segunda parte da Cúpula de Sustentabilidade e Investimento do WTTC
A regeneração, em vários sentidos, pautou a maioria dos painéis e conferências de imprensa na segunda parte da Cúpula de Sustentabilidade e Investimento do WTTC

Em uma conversa com os cerca de 30 jornalistas estrangeiros presentes no fórum, no qual a PANROTAS foi o único representante do Brasil, Nicola Madden-Greig, presidente da Associação de Hotéis e Turismo do Caribe (CHTA na sigla em inglês), foi taxativa: “Preservação e restauração não são escolhas. São imperativos para sobrevivermos”.

Durante a conferência de imprensa, foi lançado um guia de restauração de corais para o setor de Turismo. Por enquanto está em inglês. Robert Brumbaugh, diretor executivo da Divisão Caribe da Nature Conservancy), promete para breve uma versão em espanhol. O guia tem parceiros tão diferentes quanto a CHTA, o Principado de Mônaco e as Nações Unidas. O Mar do Caribe é o lar de 10% dos recifes de coral de todo o mundo e, segundo a Nature Conservancy, o turismo em torno deles gera US$ 7,9 bilhões anualmente.

Quando o assunto é mares e oceanos, faz todo sentido ouvir a ativista Alexandra Cousteau, neta do explorador francês Jacques Cousteau, entrevistada no palco principal por Julia Simpson, presidente e CEO do WTTC. Alexandra lembra porque oceanos são inspiradores: "Oceanos são cheios de vida. Mas estamos perdendo espécies. As boas notícias são que temos acesso a novas tecnologias, podemos promover mudanças e criar soluções, e ainda há tempo de reconstruir nossos oceanos. Para isso, precisamos cada vez mais investir em regeneração, e não apenas em preservação. A demanda por carbono azul hoje é enorme”.

AMÉRICA DO SUL NO WTTC: ARGENTINA, COLÔMBIA, EQUADOR. E NADA DE BRASIL
Mais tarde, Nicola Madden-Greig, da CHTA, repetiu, com a mesma ênfase, sua frase sobre preservação e regeneração no painel de encerramento “Combustível para o futuro”, que discutiu parcerias público-privadas e reuniu, além da presidente da CHTA, Nicole Sautter, gerente de Sustentabilidade Global da American Express Global Business Travel; Juliana Gomez Pelaez, vice-presidente de Investimentos Estrangeiros da ProColombia; Carlos Eduardo Tapia Palacios, subsecretário de Competitividade do Ministério do Turismo do Equador, e a jornalista e escritora especializada em viagens Fran Golden como mediadora.

“As tendências dos investimentos em sustentabilidade são em energias renováveis e regeneração, em valorizar a autenticidade. Temos que recuperar as espécies e a cultura de cada lugar. E o poder público tem a responsabilidade de capacitar”, ressaltou Carlos Palacios. “Os bosques nublados do Equador, a dois mil metros de altitude, são um bom exemplo. Eram regiões de extração de minério, e hoje as comunidades locais vivem do turismo. Hotéis de luxo foram atraídos para os bosques justamente porque estão preservados. Temos também a questão de gênero. As mulheres passaram a ter mais empregos. Ou seja, tudo ficou melhor”.

Além de Equador e Colômbia, outro país da América do Sul que esteve no fórum de Sustentabilidade e Investimento foi a Argentina. O Brasil não participou do evento, assim como também não foi à Cúpula Global, realizada em abril em Manila, nas Filipinas.

A Argentina foi representada em Porto Rico pela economista Eugenia Benedetti, subsecretária de Desenvolvimento estratégico do Ministérios de Turismo e Esportes. Ela esteve mais cedo do painel de abertura, “Futuro sustentável”. Eugenia está à frente do programa “Rota natural”, de promoção e investimento em infraestrutura do turismo de natureza na Argentina com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e de empresas privadas.

“Vemos uma mudança nos visitantes, que procuram mais espaços abertos e naturais. Contamos com muitos destinos de natureza incríveis, como a Patagônia, e estamos
atualizando toda nossa política de promoção. Também estamos promovendo educação ambiental. Buscamos turistas que estejam comprometidos com o meio ambiente. Queremos
oferecer a Argentina como destino de natureza e sustentável e estamos trabalhando para superar os sete milhões de visitantes estrangeiros de 2019”, disse Eugenia.

A PANROTAS é media partner do WTTC e viaja com seguro GTA, incluindo proteção contra covid-19

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