Antonio R. Rocha   |   12/05/2015 17:36

Natal não tem condições técnicas para receber cruzeiros

As condições portuárias de Natal surpreenderam, negativamente, o presidente da Clia Abremar, Marco Ferraz, que esteve na capital potiguar nesta terça-feira em reunião sobre a possível captação de rotas de cruzeiros marítimos para o Nordeste na temporada 2016-2017.

As condições portuárias de Natal surpreenderam, negativamente, o presidente da Clia Abremar, Marco Ferraz, que esteve na capital potiguar nesta terça-feira em reunião sobre a possível captação de rotas de cruzeiros marítimos para o Nordeste na temporada 2016-2017. O terminal de passageiros marítimos do Porto de Natal, paradoxalmente, moderno mas totalmente ocioso, foi mostrado ontem em reportagem exibida pelo Portal PANROTAS (clique e veja).

Curiosamente, é a bela ponte estaiada, que une a Praia do Forte à Praia da Redinha e propicia belo espetáculo do encontro do Rio Potengi com o mar, o maior entrave para que Natal entre na rotas dos transatlânticos, apesar da posição geográfica favorável da cidade, de portão de entrada do próprio continente.

Do espelho d´água à ponte são apenas 55 metros de altura. Na temporada passada, lembra Ferraz, a altura média dos navios que estiveram na costa brasileira foi de 65 metros, fato que se repetirá este ano. Ou seja: não adianta programar a capital potiguar em qualquer rota de cruzeiros. Os navios não passam sob a ponte. Autoridades portuárias de Natal, como Hanna Safieh, diretor da Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), garantem que alertaram sobre esse problema ao governo, em 2003, durante a construção da ponte. Segundo ele, uma ponte móvel foi considerada inviável á época.

Já o presidente da Codern, empresa que administra o porto de Natal, Emerson Fernandes, considera que a solução é deixar os navios fundeados, trazer os passageiros em barcos e implantar um atracadouro-flutuante para desembarque, além de rampa de acesso. É algo muito improvisado, caro e engenhoso. E depende até mesmo de condições de navegabilidade, já que se trata de uma área com muitas ondas, ao contrário de portos no Mediterrâneo (Santorini, na Grécia, é o maior exemplo) e mesmo no Caribe, onde o fundeamento não é problema.

Para completar as dificuldades técnicas que afastam os navios de Natal, o próprio secretário de Turismo do Rio Grande do Norte, Ruy Gaspar, se disse totalmente contrário à inclusão da capital potiguar nas rotas dos cruzeiros marítimos. "Em primeiro lugar o hotel paga ISS, ICMS e gera 350 empregos, como é o caso do meu hotel. O navio não paga ISS, o ICMS que paga é só sobre o combustível e não gera nenhum emprego”, observa Gaspar.

Ele volta a uma discussão antiga e considera que os turistas que podem optar por cruzeiros são os mesmos que utilizariam a estrutura dos hotéis, esvaziando e concorrendo de maneira desleal com a hotelaria. "O tempo de permanência do turista de cruzeiro também é menor do que na hotelaria", lembra o secretário, que ressalta que suas opiniões são na condição de secretário, de empresário e de presidente da ABIH-RN. "O posicionamento é meu. Não é do governador", explica Gaspar.

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