Movida

Rodrigo Vieira   |   14/10/2021 18:23   |   Atualizada em 14/10/2021 19:21

Como o Chapter 11 já faz a Latam ser uma 'nova companhia aérea'

Um processo extremamente difícil, mas que mudou completamente a forma da Latam operar, define CEO


Reprodução/Latam Experience
A jornalista Gloria Maria, mestre de cerimônias do Latam Experience, com Jerome Cadier, CEO da Latam
A jornalista Gloria Maria, mestre de cerimônias do Latam Experience, com Jerome Cadier, CEO da Latam
O Chapter 11 é definitivamente tratado pela Latam Airlines como um daqueles males da vida que vêm para o bem. Ou, nas palavras do CEO da companhia no Brasil, Jerome Cadier, um processo extremamente difícil, longe de ser feliz, mas que hoje permite a companhia competir com muito mais eficiência do que a Latam de dois anos atrás, mesmo antes de ter saído do processo.

"Embora a decisão pelo Chapter 11 tenha sido pensada para o longo prazo, seus efeitos já são sentidos agora. Esta decisão nos permitiu renegociar absolutamente tudo. Conseguimos um custo operacional mais baixo e maior flexibilidade de operação", explicou Cadier na primeira apresentação do Latam Experience, que acontece entre hoje e amanhã e ainda tem inscrições abertas. Segundo o CEO, a Latam sabia (e ainda reconhece) que precisa ser mais competitiva e, ainda, mudar sua maneira de competir.

Reprodução/Latam Experience
Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil
Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil
O Chapter 11 foi a chance de colocar essas mudanças em prática. Quem pensa na Latam de pouco tempo atrás, se recorda de uma frota extensa de fuselagem larga (internacional), com A350, A330, B767, B777 e até B787 no Chile. Tal diversidade era sinônimo de complexidade e custos elevados de operação, dos profissionais à manutenção.

"Aproveitando o Chapter 11, fizemos um processo de otimização desta frota de forma violenta. Optamos por resumir nossa operação internacional a B777 e B787 aqui no Brasil. Isso nos dá vantagem de ter tripulação intercambiável e tecnologia similar entre as aeronaves. Como resultado, nossa capacidade de competir em rotas de longo curso cresceu brutalmente. Seremos muito mais eficientes e teremos flexibilidade para trocar aviões em determinados momentos caso necessário", pondera Cadier.

A renegociação dos contratos das aeronaves é outro aspecto mencionado por Cadier como fundamental, novamente fruto do Chapter 11 e esse impactando mais diretamente as operações domésticas.

"Alteramos nossos contratos para bases de pagamentos em hora de voo, e não por pagamento fixo mensal. Temos agora um custo fixo muito mais baixo e um custo variável muito representativo. Isso permite reações mais velozes às mudanças de demanda e oferta em determinadas rotas. Ademais, o setor será caracterizado por preços médios mais baixos, e as companhias que não tiverem custo operacional agressivo não conseguirão competir nesse novo cenário."

NOVOS DESTINOS
A redução das cifras despejadas pela companhia aérea em custos operacionais resulta em maior facilidade para o lançamento de novas rotas. De fato. A Latam operava 44 destinos domésticos pré-pandemia e hoje já está em 49 e no segundo trimestre de 2022 operará 56. A meta para o ano que vem é anunciar mais dez cidades brasileiras com as aeronaves da empresa.

Reprodução/Latam Experience
Chapter 11 acelerou abertura de novos destinos domésticos para operação da Latam Brasil. Companhia pretende chegar a 56 até março de 2022, bem acima dos 44 pré-pandemia. Na foto, o CEO Jerome Cadier
Chapter 11 acelerou abertura de novos destinos domésticos para operação da Latam Brasil. Companhia pretende chegar a 56 até março de 2022, bem acima dos 44 pré-pandemia. Na foto, o CEO Jerome Cadier
"Antes da nossa reforma via Chapter 11, nós não tínhamos custos suficientemente baixo para operar. Quando fazíamos as contas, a maioria das cidades pretendidas não se apresentavam sustentáveis. Aqui está mais um efeito imediato do Chapter 11: estreia em Vitória da Conquista, Comandatuba, Jericoacoara, Juazeiro do Norte, Petrolina, Bauru, Sinop, Presidente Prudente, Juiz de Fora, Cascavel, Caxias do Sul e outros destinos, além de uma conectividade muito maior em Curitiba. 56 bases é mais do que a Latam Brasil jamais operou depois da fusão com a Lan, em 2012."

SUSTENTABILIDADE EM DETRIMENTO DA LIDERANÇA
Jerome Cadier ainda comenta que as concorrentes da Latam também buscaram reestruturação no período da pandemia, mas sem necessitar da dureza do Chapter 11. De qualquer maneira, os resultados apareceram e a Latam reconquistou a liderança no número de passageiros transportados no Brasil em agosto.

"Estamos felizes com este índice, mas não vou dizer que minha meta é ser líder. A liderança pela liderança não nos interessa. Queremos ser sustentáveis. Pode ser que nos próximos meses continuemos no topo, mas o que estamos buscando são resultados com responsabilidade", afirma.

EVENTO SEGUE ATÉ AMANHÃ
O Latam Experience ainda terá uma sexta-feira repleta de conteúdo. A inscrição é gratuita em www.latamexperience.com.br

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