Rodrigo Vieira   |   28/03/2022 11:00 Atualizada em 28/03/2022 11:01

Veja como está a nova Tunibra, um ano sem Akagawa

Uma das agências de viagens mais tradicionais do Brasil é administrada sem a família que a fundou



Conteúdo integrante da Revista PANROTAS 1.513

Em novembro de 2020, a família Akagawa deixava o comando da Tunibra, uma das agências de viagens mais tradicionais do País, e repassava a empresa a colaboradores. A Tunibra Travel passou a ser Tunibra Company, ainda na Praça da Liberdade, na capital paulista, em imóvel vizinho. E, com poucos profissionais novos e muito antigos, esse novo CNPJ completou um ano de existência.

Divulgação/Tunibra
Sandro Jodai, diretor de Inbound, Talita Barreto, diretora comercial e Eventos, Edu Tsutsumi, diretor comercial, e Eduardo Kagohara, diretor de Operações da Tunibra Company
Sandro Jodai, diretor de Inbound, Talita Barreto, diretora comercial e Eventos, Edu Tsutsumi, diretor comercial, e Eduardo Kagohara, diretor de Operações da Tunibra Company
Ricard Akagawa e sua família não têm mais qualquer relação com o negócio, não estão mais presentes no dia a dia da empresa, mas o executivo é tido como o grande mestre da Tunibra Company, além de ter passado ao outro lado do balcão para ser um dos maiores clientes da agência de viagens.

Móveis, decoração, aparato tecnológico e... talentos. Akagawa pavimentou a estrada para que colaboradores de confiança assumissem uma marca de 71 anos. A Tunibra é uma verdadeira escola para profissionais, que costumavam trilhar longos cursos na agência, uma tradição do mundo corporativo asiático.

Os principais executivos da agora Tunibra Company têm pelo menos uma década de casa. Há profissionais com mais de 30 anos vestindo a camisa. “Somos totalmente alinhados com a filosofia, história e valores da Tunibra Travel. Este grupo recebeu a importante missão da família Akagawa de liderar e comandar a empresa e seus colaboradores por um novo caminho”, aponta comunicado da empresa ao trade.

Divulgação/Tunibra
Equipe Nacional, internacional, Financeira e Documentação no escritório da Tunibra Company, na Praça da Liberdade, em São Paulo
Equipe Nacional, internacional, Financeira e Documentação no escritório da Tunibra Company, na Praça da Liberdade, em São Paulo
Na Praça da Liberdade, em São Paulo, uma nova Tunibra está se preparando para a retomada das viagens, para a reabertura do Japão e para... atacar, ousar, crescer.

"Essa nova Tunibra é igual à anterior em muitas coisas, mas se tem algo que nos diferencia é a nossa ferocidade para entrar nos BIDs, crescer, aparecer para o mercado, conquistar contas corporativas e de lazer", distingue Sandro Jodai, diretor de Inbound da Tunibra Company. "Além disso, deixar de ter uma administração familiar permitiu com que nos aproximássemos do cliente. Hoje eles chegam com sugestões e problemas e podemos ter mais agilidade para ajustar as coisas."

DECISÃO DE ABRIR NA PANDEMIA
Completar um ano ao mesmo tempo em que a pior crise do Turismo global completa dois é desafiador, principalmente com o cenário de fronteiras japonesas fechadas e da queda do corporativo, as duas grandes forças da Tunibra. Entretanto, conforme o setor dá sinais de retomada, também dá a agência, que recomeçou com quatro funcionários, os diretores, e já quintuplicou este número, a maioria de reintegrações de ex-funcionários da Tunibra Travel.

Os resultados estão aparecendo e logo esses mais de 20 profissionais devem se tornar de 30, 40... e contando. Espaço no escritório existe e, afinal, que empresa precisa de tantos metros quadrados em tempos de trabalho híbrido?

Divulgação/Tunibra
Sandro Jodai, Eduardo Kagohara, Edu Tsutsumi e Talita Barreto
Sandro Jodai, Eduardo Kagohara, Edu Tsutsumi e Talita Barreto
"Aprendemos muito com os clientes e colegas japoneses a darmos um passo de cada vez, estudando cada decisão, para que seja construído um caminho confiável e duradouro. Pés no chão. Nossas perspectivas são de médio prazo", afirma Talita.

Com a saída da família Akagawa, a manutenção dos clientes mais fiéis foi o maior cuidado dos novos executivos para a abertura da nova Tunibra. Sem eles, a empresa teria de começar do zero, e não faria sentido manter a identidade.

"Os colaboradores confiaram em nós, os clientes chancelaram a existência da agência e essa dedicação só tem dado fôlego para acreditarmos que, tão logo o fluxo de viagens aumente, a retomada dos eventos se fortaleça e mais contas corporativas contratem nossos serviços, nós temos tudo para voltar a ser uma referência nacional no setor", pondera o diretor de Operações Eduardo Kagohara.

"E não podemos deixar de falar dos nossos fornecedores que, mesmo com o novo CNPJ, mantiveram o crédito, a julgar pelo histórico da Tunibra e pela confiança nos executivos que passariam a tocar a empresa", ressalta Sandro Jodai. Conseguir a emissão IATA também foi outra conquista do novo CNPJ.

Oficialmente aberta em fevereiro de 2021, a Tunibra Company quadruplicou o número de transações em dezembro, na comparação com o mês de inauguração. "Novas contas estão nos encontrando, vindo por meio de indicação, o que é muito importante para nós. Nossa carteira cresce no corporativo e, portanto, estamos crescendo e contratando", completa o executivo, que tem no PanEmpregos, serviço do Portal PANROTAS, uma ferramenta aliada para realizar o serviço.

NICHOS E CONHECIMENTO TÉCNICO
O segredo do sucesso de uma agência de viagens, na visão de Eduardo Kagohara, está nos nichos. "Obviamente as coisas mudaram muito de sete décadas atrás, quando a Tunibra dava seus primeiros passos, para cá. À época uma agência dependia de emissão só de bilhetes para obter sucesso. Hoje, uma agência de viagens depende dos nichos, pois comprar ponte aérea qualquer um consegue. Portanto, sempre estamos encorajando os colaboradores a abusar do conhecimento técnico que eles têm às mãos. Dicas de viagens e OTAs estão por todos os lados, mas quem tem o equilíbrio entre a informação de confiança e o conhecimento são os bons profissionais", diz o diretor de Operações.

OS NEGÓCIOS DA TUNIBRA
O melhor da nova Tunibra ainda não pôde ser entregue. O Japão, ainda não totalmente aberto para visitantes internacionais, representa de 25% a 30% do fluxo corporativo da empresa. É um número considerável, principalmente tendo em vista que a agência atende muitos expatriados.

"Em meio a isso tudo, abrimos uma nova frente, a de Concierges, para atender as necessidades de empresas em questões específicas ao expatriado. São pessoas que vêm morar no Brasil e precisam de estrutura, apoio idiomático, cultural. Ajudamos esse japonês expatriado em absolutamente tudo que ele precise: desde a compra de um remédio até serviço de cartório, transporte, aluguel de imóveis, entre outras inúmeras opções. É um serviço 24 horas em que pesa principalmente o idioma. Todo os profissionais do atendimento internacional da Tunibra falam japonês", explica Talita Barreto.

O Concierge é ainda um serviço novo, mas oferece boas expectativas para a empresa. No ano passado, foram cerca de 280 atendimentos registrados e, para este ano, com maior amadurecimento desta frente de negócio, o volume deve crescer.

Wiki Commons/ Saku Takakusaki
Entre doméstico e internacional, o corporativo detém 80% da importância de receita para a Tunibra, incluindo viagens, eventos, documentação e conciergeria. Lazer e vistos detêm o restante e são voltados principalmente a clientes corporativos fiéis à agência e incumbe a ela as férias de suas famílias.

"Há famílias que estão conosco na sua terceira geração", conta Eduardo Kagohara. "A Tunibra tem uma veia asiática, mas o nosso corporativo é o que manda nas nossas viagens. Com o Japão fechado durante a pandemia, o que nos deu fôlego foram as viagens corporativas domésticas enquanto o lazer zerou. O nosso forte, a esta altura, se tornou a demanda corporativa local.

O CADERNINHO DO JAPÃO
Segundo os diretores, a Tunibra Company tem o que é carinhosamente chamado de "caderninho do Japão". O telefone da empresa toca diariamente com consumidores que sonham em viajar à terra do sol nascente e pedem informações sobre fronteiras, previsões, documentação e vistos. O contato deles está lá, anotado.

"'Me avise quando reabrir', eles pedem", conta Talita Barreto. "Quando o Japão de fato abrir as fronteiras, esperamos estourar em vendas. Vamos trabalhar em cima deste caderno de prospecção", completa a diretora.

Pixabay/Sofia Terzoni
Japão é um destinos asiáticos mais requisitados por brasileiros
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Por este motivo, o setor de documentação é um pilar de muita rentabilidade à Tunibra. Uma viagem ao Japão exige trâmites e documentos específicos. "Não é qualquer um que consegue ir para lá, mesmo em uma pequena viagem a lazer, quanto menos em uma viagem complexa, como para morar lá, visitar parentes, etc. Graças à nossa parceria com a Tunibra Japão, somos especialistas nisso", acrescenta Talita.

Tóquio, Nagoia e Hamamatsu são as bases da Tunibra Japão. Trata-se de uma companhia de japoneses, com quem o pai do ex-presidente da Tunibra Travel deu início a uma parceria há décadas. Independente da brasileira, a Tunibra Japão conta com a homônima daqui para receber japoneses e resolver entraves no negócio, enquanto ajuda, lá da Ásia, clientes da Tunibra paulistana com contratos de trabalho, documentação e outros assuntos.

Vizinha da Tunibra Travel, a Tunibra Company fica na Praça da Liberdade, 130 - cj 1709-1712 Para mais informações, acesse: www.tunibra.com.br

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